Os chimpanzés, primos mais próximos do homem na escala evolutiva, parecem muito conscientes da morte, assim como os humanos, segundo um estudo baseado em observações publicado nesta segunda-feira.
"Vários fenômenos foram considerados em um ou outro momento separando o homem das outras espécies, como a capacidade de raciocinar, de falar ou de utilizar ferramentas e a consciência de si mesmo, antes de a ciência demonstrar que essas divisões são, na realidade, mais relativas", explicou James Anderson, da Universidade de Sitling do Reino Unido, principal autor de um dos estudos publicados nesta segunda-feira na revista americana Current Biology, na edição datada de 27 de abril.
"A consciência da morte é um desses fenômenos psicológicos atribuídos durante um longo tempo somente aos humanos", afirmou o pesquisador. Mas "as observações que temos feito em chimpanzés relacionando a perda de seu par e nos últimos momentos de vida, indicam que têm muita consciência da morte e, provavelmente, de maneira muito mais desenvolvida do que se suspeitava", acrescentou.
O estudo descreve as últimas horas e a morte de uma chimpanzé fêmea de idade avançada, que vivia em um pequeno grupo de primatas numa reserva na Escócia. Todos esses momentos foram filmados.
Nos dias que precederam a morte da fêmea, o grupo esteve muito silencioso e com a atenção concentrada nela, afirmou James Anderson. Muito pouco tempo antes de morrer, seus companheiros fizeram muito carinho e a enfeitaram.
Esses gestos nos últimos instantes buscavam determinar se ela ainda estava com vida. Quando chegou a morte, o grupo se afastou do corpo, mas pouco depois, a que seria sua filha mais velha voltou para permanecer próxima à fêmea morta durante toda a noite, afirmam os pesquisadores.
Em um segundo estudo, os autores observaram duas mães de chimpanzés que vivem livres, que continuaram carregando o corpo mumificado de seus filhotes durante semanas, após a morte deles em consequência de uma infecção respiratória.
Da AFP