11 de fev. de 2010

Amores incondicionais

A minha história de amor com os bichos começou desde cedo. Acho que na barriga da minha mãe já ficava encantada com os miados do gato amarelo que ela tinha, o Ninho. Mas fui perceber que era realmente apaixonada por animais com a chegada do Punk, um lindo filhote (peludo e redondo) de pastor alemão. Meu tio o ganhou de um amigo, mas não podia ficar. Então ele foi até a minha casa para mostrar aquele lindo bebê e, imaginem, eu não deixei mais ele ir embora. Meus pedidos foram tão insistentes que meus pais acabaram consentindo que eu ficasse com ele.

A partir daí nossa relação de amizade foi se fortalecendo a cada dia. Eu ainda era filha única e aos oito anos de idade tratava meu cãozinho como um verdadeiro membro da família. Mesmo quando a minha irmã nasceu eu não deixava o Punk de lado. Foram 12 anos de alegrias, até quando ele adoeceu e nos deixou. Esse foi um período muito difícil, pois, apesar de muitas pessoas me dizerem que ele era apenas um cachorro, eu sentia algo muito mais forte. Acho que só as pessoas que possuem um bicho e vivem essa relação de cumplicidade sabem do que eu estou falando.

Fiquei cerca de um ano sem nenhum animal de estimação após a morte do Punk. Nesse período acho que pirei e até fiz uma tatuagem com o nome dele. Minha irmã adotou um coelhinho, o Bunny, e passei a destinar toda minha atenção a ele. Mas eu sabia que meu coração de “cachorreira” não iria aguentar por muito tempo sem um novo companheiro canino.

Foi aí que a Isabella surgiu na minha vida. Passei a desejar muito ter um cachorro e comecei a procurar nos pet shops e internet. Queria um dálmata e cheguei até a visitar alguns criadouros, mas achava um absurdo ter que pagar quase R$ 1 mil por um filhote. Um amigo ficou sabendo que eu estava à procura de um cão e me contou sobre uma ninhada de “labradores” que estava sendo doada. Fiquei com a pulga atrás da orelha, afinal quem estaria entregando o animal de graça em vez de lucrar.

De qualquer forma, fui até o local e adivinhem: me deparei com ela. Realmente parecia um filhote de labrador preto, cheguei até a ver o pai e a mãe dela. A Isa (apelido carinhoso) era uma das coisas mais fofas que eu já tinha visto e já saí de lá com ela nos braços. O detalhe é que eu estava no meu horário de almoço e aquele bebê passou o resto do expediente no escritório. Quando cheguei em casa meus pais quase caíram de costas, pois eu ainda chorava pelos cantos sentido a falta do Punk. E vieram com todo aquele discurso de que eu iria me apegar de novo e sofreria quando ela me deixasse. Eu estava consciente de que isso iria acontecer, mas querem saber, não sei como seria minha vida hoje sem ela.

A Isa praticamente me escolheu e é o ser mais carinhoso que alguém pode ter. Com a família ela é um doce, mas não posso dizer que o mesmo tratamento é dado aos estranhos. E fui descobrindo os motivos do seu temperamento ciumento e agressivo com as outras pessoas aos poucos. Mas a dica estava na minha cara e só fui entender mesmo quando a veterinária me disse que, na verdade, ela era descendente de um basset (uma raça que costuma ser muito dócil com os donos, mas tem um temperamento forte).

E essa tese foi confirmada em pouco tempo, já que seu corpinho começou a ficar comprido e suas patinhas curvadas. Além disso, ela não cresceu muito e a comparação com os “salsichas” era inevitável. No fim, eu procurava um dálmata, adotei um labrador e acabei com uma mistura de basset...e adorei.

Hoje, a Isa tem três anos e nove meses e continua sendo o amor da minha vida. Ela me faz rir, me espera todos os dias ansiosamente, faz festa quando entro em casa, fica triste quando percebe que eu vou sair e morre de alegria quando eu mexo no pacote de ossinhos (na verdade ela é bem gulosa e por isso está até acima do peso). Ela é tudo o que um apaixonado por cães pode esperar - tirando o fato que às vezes age por vontade própria e não me obedece como deveria. Mesmo assim, agradeço por tê-la encontrado.

Mas a minha relação com cães não terminou por aí, pois no meio do ano passado acabei resgatando uma cadelinha, grávida, que sofria maus tratos na rua. Encontrei-me em uma situação extremamente complicada, mas tinha que resgatá-la. A Sorriso (nome dado por conta de seu trejeito engraçado de mostrar os dentinhos quando está feliz) conseguiu ter seus bebês e hoje está forte e saudável. Mas este é um assunto para outro post.

Fotos: Arquivo pessoal

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