
A partir daí nossa relação de amizade foi se fortalecendo a cada dia. Eu ainda era filha única e aos oito anos de idade tratava meu cãozinho como um verdadeiro membro da família. Mesmo quando a minha irmã nasceu eu não deixava o Punk de lado. Foram 12 anos de alegrias, até quando ele adoeceu e nos deixou. Esse foi um período muito difícil, pois, apesar de muitas pessoas me dizerem que ele era apenas um cachorro, eu sentia algo muito mais forte. Acho que só as pessoas que possuem um bicho e vivem essa relação de cumplicidade sabem do que eu estou falando.
Fiquei cerca de um ano sem nenhum animal de estimação após a morte do Punk. Nesse período acho que pirei e até fiz uma tatuagem com o nome dele. Minha irmã adotou um coelhinho, o Bunny, e passei a destinar toda minha atenção a ele. Mas eu sabia que meu coração de “cachorreira” não iria aguentar por muito tempo sem um novo companheiro canino.
Foi aí que a Isabella surgiu na minha vida. Passei a desejar muito ter um cachorro e comecei a procurar nos pet shops e internet. Queria um dálmata e cheguei até a visitar alguns criadouros, mas achava um absurdo ter que pagar quase R$ 1 mil por um filhote. Um amigo ficou sabendo que eu estava à procura de um cão e me contou sobre uma ninhada de “labradores” que estava sendo doada. Fiquei com a pulga atrás da orelha, afinal quem estaria entregando o animal de graça em vez de lucrar.

A Isa praticamente me escolheu e é o ser mais carinhoso que alguém pode ter. Com a família ela é um doce, mas não posso dizer que o mesmo tratamento é dado aos estranhos. E fui descobrindo os motivos do seu temperamento ciumento e agressivo com as outras pessoas aos poucos. Mas a dica estava na minha cara e só fui entender mesmo quando a veterinária me disse que, na verdade, ela era descendente de um basset (uma raça que costuma ser muito dócil com os donos, mas tem um temperamento forte).
E essa tese foi confirmada em pouco tempo, já que seu corpinho começou a ficar comprido e suas patinhas curvadas. Além disso, ela não cresceu muito e a comparação com os “salsichas” era inevitável. No fim, eu procurava um dálmata, adotei um labrador e acabei com uma mistura de basset...e adorei.
Hoje, a Isa tem três anos e nove meses e continua sendo o amor da minha vida. Ela me faz rir, me espera todos os dias ansiosamente, faz festa quando entro em casa, fica triste quando percebe que eu vou sair e morre de alegria quando eu mexo no pacote de ossinhos (na verdade ela é bem gulosa e por isso está até acima do peso). Ela é tudo o que um apaixonado por cães pode esperar - tirando o fato que às vezes age por vontade própria e não me obedece como deveria. Mesmo assim, agradeço por tê-la encontrado.
Mas a minha relação com cães não terminou por aí, pois no meio do ano passado acabei resgatando uma cadelinha, grávida, que sofria maus tratos na rua. Encontrei-me em uma situação extremamente complicada, mas tinha que resgatá-la. A Sorriso (nome dado por conta de seu trejeito engraçado de mostrar os dentinhos quando está feliz) conseguiu ter seus bebês e hoje está forte e saudável. Mas este é um assunto para outro post.
Fotos: Arquivo pessoal